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Medo e Delírio em Las Vegas: saiba mais do clássico que virou filme

Medo e Delírio em Las Vegas. A literatura e o cinema sempre possibilitaram as mais intensas experiências, de forma que o leitor e espectador viajam para longe, sem sair do lugar. Assim sempre foi e espera-se que continue sendo o propósito destas duas artes, dos livros e filmes.

Quando a obra tem tamanha relevância e apelo, é quase uma obrigação sua adaptação. Assim como ocorre em “Medo e Delírio em Las Vegas” (Fear and Loathing in Las Vegas).

Saiba a história por trás deste clássico que ainda envolve muitos leitores e cinéfilos em uma aventura rumo a Vegas.

Medo e delirio

Medo e Delírio em Las Vegas – A história do livro … e do filme

Medo e Delírio em Las Vegas é uma obra de Hunter Thompson, de 1971, mas no Brasil o volume só chegou no ano de 1984. O romance também contou com ilustrações de Ralph em suas edições. A história apresentou Raoul Duke, seu protagonista, e Dr. Gonzo, seu advogado, a caminho de Las Vegas. No texto, a meta de ambos era alcançar o Sonho Americano acompanhado do uso de drogas.

O livro é marco do chamado “jornalismo gonzo”. Que, resumindo, não traz objetividade na narrativa, já que predomina a interpretação pessoal do fato. Ou mesmo que, a ficção seria mais poderosa do qualquer tipo de reportagem objetiva.

Vegas, portanto, é o palco para a euforia e psicodelia de uma dupla que viaja para lá, cheia de drogas guardadas nos compartimentos do carro. Vale ressaltar que o Deserto de Nevada, nos EUA, é o centro espiritual da cultura pop irradiada para todo o planeta. Três eventos inspiradores para a cultura do século 20 e 21 estão por lá. São eles: a construção de Las Vegas, os primeiros testes com a bomba atômica e a Área 51. Além disso, o lugar também aponta, mais a oeste, Hollywood e o Vale do Silício. Aqui, pode-se dizer que há então um polo irradiador da nova e predominante espiritualidade pós-moderna. Todos estes elementos motivaram a tal aventura real do escritor que originou o jornalismo gonzo. Modelo de narrativa que, para muitos, não pode ser visto como jornalismo.

A rica mitologia dessa região do Oeste dos EUA, sob a visão distorcida e alucinada das drogas dos protagonistas, em 1972, é explorada. Período que marca o fim da utopia psicodélica dos anos 1960. Assim, trata-se de um relato em estado alterado de consciência dos personagens Raoul Duke e seu advogado samoano Dr. Gonzo. Suas incursões por Las Vegas são o que de fato envolve o espectador da trama. Entre desordem pelos espaços e quartos de hotéis destruídos, diversos são os rastros de tamanha loucura descrita na obra.

A trajetória da dupla em Las Vegas

A história começa com eles se deslocando em um carro conversível alugado pelo deserto, na direção de Las Vegas. Duke vai cobrir uma célebre corrida de motocicletas no deserto. A chamada Mint 400 será destaque na revista Sports Illustrated. Todavia, por mais curioso que pareça, também vai cobrir uma convenção de agentes policiais que lidam com crimes de narcóticos.

O porta-malas do carro leva um arsenal de drogas digno de profissionais da área, seja no repasse ou no consumo. Cocaína, haxixe, LSD, éter, mescalina, speed em trouxinhas, pílulas, papelotes, seringas, acompanhados de garrafas de rum e tequila há ali. Duke e Dr. Gonzo, o advogado que o acompanha, são verdadeiros homens-bomba. São 24 horas em estado alterado de consciência. E a meta deles é desmascarar o sonho americano. E, para isso, acreditam que é preciso mostrar o que há de medo e de delírio neste tal sonho. O advogado, inclusive, compreende bem a sua autoridade e relevância, o que não anula a sua postura também transgressora.

Desde a viagem, chegada no hotel e eventos até o fim da aventura, tudo é descrito com muito detalhe. Considerando que se tratam de drogas psicoativas, a descrição detalhada vem muito a calhar. Aliás, ainda que no estilo gonzo não haja objetividade, é fato que estas particularidades são fundamentais para a narrativa. Em meio a isso tudo, outros personagens surgem: um jovem com aparência e comportamento estranho, e uma menor de idade.

Demais leituras da obra

Tapetes e papéis de parede com estranhas estampas em cores psicodélicas e formas onduladas são retratadas no livro e exibidas no filme. O que não requer grande observação para analisar. São estampas que emulam as alucinações psicodélicas do LSD. Então, elementos que reforçam o gigantesco delírio lisérgico que é Las Vegas. Ambiente propício para os famosos jogos e demais ritos que necessitam de grande envolvimento dos jogadores ou frequentadores do ambiente. A obra, escrita ou retratada no audiovisual, pelo que se sabe, tem a meta, portanto, de descrever o fim desta utopia. Este estado vivido pela geração de Hunter Thompson, o autor.

Detalhes como imagens do presidente Nixon e cogumelos nucleares se apresentam em monitores de televisão. Assim, fazem crer que a obra é ambientada em 1972. No final desta década, a tecnologia que pairava no ar da lisérgica Las Vegas já era ambientada em bares e discotecas do mundo. Raios laser, luzes estroboscópicas e neons psicodélicos simbolizavam a moda Disco em casas noturnas. Desta forma, se observava que não eram mais necessárias drogas lisérgicas, afinal, a tecnologia já produzia o efeito por imersão. Surgia, então, a necessidade de uma outra droga. Algo mais individual, narcísica. Para suprir essa demanda, e manter corpo e mente ligados e dançando a noite inteira: chegava a cocaína.

Análises que circulam na rede

Predomina a ideia de que Vegas é utilizada para explicar fenômenos apontados dentro desta tal cultura. Las Vegas se apresenta como o símbolo do hedonismo, superficialidade e fugacidade por todo o contexto do local. Lá, a bomba atômica e o medo da irradiação e do apocalipse num mundo aparte. E a Área 51, pertinho, como o ponto de partida da paranoia e visão conspiratória do mundo. Estes já nomeados eventos criaram as três formas de constituição da subjetividade na cultura atual. Uma mitologia de personagens que descrevem a condição humana nesse mundo: o Viajante, o Detetive e o Estrangeiro. O Viajante, conectado a Las Vegas; o Detetive à Área 51; o Estrangeiro à bomba atômica. E o que são, afinal, estas condições?

Os protagonistas são os tais viajantes: eles vieram de algum lugar impreciso. Os detetives também são os protagonistas, já que os paranoicos interrogam agressivamente até uma assustada camareira do hotel. E também desempenham o papel de estrangeiros, pois tudo ao redor é estranhamento e alienação.

  • O Viajante é aqueles que vêm do nada e parte para lugar nenhum. Sem passado ou futuro, apenas direções e orientações. Tudo começa na estrada, no deserto, a imensidão buscada para o distanciamento. Las Vegas, portanto, corresponde a este personagem.
  • O Detetive é aquele que transforma a sensação de estranhamento com esse mundo em mistério que precisa ser desvendado. O mito da Área 51 e teorias conspiratórias estimuladas pelas HQs e Hollywood fazem crescer a sensação de perda de controle do mundo. Assim, uma sociedade passiva e por isso dominada pela complexidade tecnológica e incompreensível se apresenta.
  • O Estrangeiro é aquele que não se sente pertencente em lugar algum. Quer apagar o seu passado, a história. Silencioso, observa o mundo cair em pedaços. Aqui a metáfora se dá com a experiência apocalíptica da bomba atômica, que incendeia o imaginário caótico de fim de um mundo.

Outras observações interessantes

Os eventos Las Vegas, Área 51 e Bomba Atômica correspondem, respectivamente, aos personagens Viajante, Detetive e Estrangeiro na imaginação pop pós-moderna. E remetem a busca pela verdade correspondente a três estados alterados de consciência: suspensão, paranoia e melancolia:

  • O Viajante remete a suspensão, o silêncio melancólico como forma de fugir da prisão da linguagem e do pensamento. Aqui, usa-se do lúdico ao invés da linguagem comum. Las Vegas é, então, a instrumentalização comercial desse anseio espiritual por meio de seus hotéis-cassinos e jogos e o lúdico para transcendência. Um modelo preso pela indústria do entretenimento que transforma-se em clichê, repetição, vício e autodestruição;
  • O Detetive remete a paranoia. Neste, a concepção é que se está no limite entre a sanidade e a loucura, por meio de uma desconfiança radical em relação ao mundo ao redor que se apresenta. Nessa espécie de limbo, oscila-se entre a claridade e a instabilidade emocional. Teorias conspiratórias em torno de sociedades secretas, alienígenas e governos invisíveis mundiais alimentados pela indústria do entretenimento revelam este espírito para converter em clichê novamente;
  • O Estrangeiro remete a melancolia. Definido aqui pelo ácido, música techno e outros elementos oriundos do então novo período, sugerem alienação. Afinal, são representações midiáticas dessa sensação de estranhamento e deslocamento em relação ao país, família e amigos. A melancolia como a sensação de ser estrangeiro explora a melancolia adolescente. Além disso, faz perceber o estranho e o bizarro naquilo que aparenta ser normal e rotineiro. E, nada mais certeiro que atingir a adolescência, onde há maior vulnerabilidade emocional. Mas é superada, quando chegada a prevalência da tal realidade adulta.

Desta forma, diversos são os elementos para se analisar esta obra tão complexa e aclamada. Mais do que uma experiência de viagem pela narrativa, trata-se de uma resposta pessoal do autor. E, além disso, a primeira obra estilo jornalismo gonzo que certamente inspirou muitos profissionais a narrarem suas descobertas.

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