Quem gosta de turismo radical, precisa conhecer as cavernas de Campo Formoso, na Bahia. Eu estive lá e vou contar um pouco sobre esta experiência.
A Toca da Boa Vista é a maior caverna da América Latina. Ela possui 100 quilômetros de extensão e só não ganha o posto de maior do mundo porque a Caverna do Mamute, localizada no estado de Kentucky, nos Estados Unidos, possui 580 quilômetros.
No entanto, nada é certeiro ainda. Isso porque a Toca da Boa Vista ainda não foi completamente mapeada. Eu explico. Bem próximo a ela fica a Toca da Barriguda com 30 quilômetros. Os especialistas acreditam que estas duas cavernas são na verdade uma só. Isso significa que há chances de ela ainda ser a maior do mundo quando eles acabarem de mapeá-la.
Bom, eu visitei estas duas cavernas, que ficam no sertão da Bahia, numa cidadezinha chamada Campo Formoso, localizada a 150 km de Juazeiro. O trajeto para as cavernas é complicado. Do centro da cidade, é preciso aguentar mais de duas horas numa estrada de terra rodeada de cactos por todos os lados. De Campo Formoso, é preciso pegar a estrada para Caraíbas.
Você vai seguir quase em linha reta durante toda a estrada, passando por vários vilarejos. Mas eu preciso avisar que este caminho só te leva ao vilarejo da Casa Velha. Lá você vai encontrar os guias mirins, um projeto realizado pela ONG Cactus. A instituição chamou vários alunos das escolas estaduais da região e os capacitaram como guias das grutas. Eles levam capacetes e lanternas e fazem o trajeto explicando cada um dos salões das cavernas.
Não é permitido entrar sozinho na caverna. Já que elas são um verdadeiro labirinto e se você não as conhece é bem capaz que não consiga mais sair de lá. Vale a pena contratar os meninos da ONG. Eles cobram apenas R$5,00 por pessoa. Eu fui acompanhada do Jerre e do Ivonaldo. Eles foram extremamente simpáticos e cuidadosos e, enquanto descíamos a difícil descida de pedras da Toca da Barriguda, eles nos ajudavam, quase nos pegando no colo. Uma ajuda bastante importante para quem não está acostumado a fazer este tipo de turismo.
Aqui dou dicas essenciais:
1) Vá de calça! Isso porque a entrada das cavernas é coberta por Urtigas. Tive uma experiência nada agradável por fazer o passeio de shorts. Além disso, descobri depois que eles pedem o uso de calças porque dentro da caverna há muitas aranhas. Sim, fui picada por uma aranha também.
2) Vá de tênis. O trajeto é cheio de pedras e escuro. Quanto mais confortável, melhor.
3) Leve água. Sério. Sem água você não vai aguentar.
O Jerre fez uma piada, dizendo que depois que saíssemos da caverna acharíamos a caatinga um verdadeiro ar condicionado. E eu só fui entender depois. Dentro da caverna o ar é denso e o calor muito grande. Você demora alguns minutos para se acostumar. A falta de ar é grande. Por isso, é sempre bom estar com água.
O trajeto nesta caverna dura uma hora. São vários os salões. Há um salão cujas rochas formaram uma escultura no formato de um membro masculino. É, isso mesmo. E quer saber o mais engraçado? Dizem que as mulheres que se encostam ao membro casam com um homem rico em até um ano. Eu não sei se é verdade, mas não custava tentar, não é?
Também há o salão da sorte. As rochas formaram uma espécie de arcos de estalactites. Dizem que ao passar no meio do arco na ida você ganha cinco anos de sorte. Mas ao voltar para a saída, é preciso tomar cuidado. Se você passar no meio do arco durante o retorno, você terá cinco anos de azar.
Existem algumas regras de convivência nas cavernas. Não é permitido apontar a lanterna para os morcegos, para que estes não saem voando. Oura regra: não pode encostar-se às estalactites para que estas não quebrem.
O passeio é incrível! Uma pena que tirar fotos por lá fica difícil porque é muito escuro, mesmo assim conseguir alguns registros.
Para o passeio ficar ainda mais bacana, os guias pedem para todos desligarem as lanternas. O escuro toma conta e não é possível enxergar absolutamente nada. E então ele conta uma história mal assombrada. Eu não posso contar para não estragar a surpresa, né?
Ao sair, de fato achamos a caatinga um ar condicionado. Passamos tanto calor lá dentro, que o sol do sertão vira fichinha.
Recomendo muito conhecer estas grutas.
O saldo do passeio foi: alergia de urtigas, picada de aranhas e batidas de cabeça nas estalactites algumas vezes, mas também um encantamento de nunca ter vivido experiência parecida. A natureza sempre nos surpreende.
Veja algumas fotos.
Denise Godinho exclusivo para o www.ajanelalaranja.com
A segunda maior caverna do mundo fica no Brasil. Conheça as cavernas de Campo Formoso na Bahia
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