Fomos para um hotel de selva, no meio da floresta! Quando decidi levar As Laranjinhas para conhecer a Amazônia, minha principal dúvida era como fazer isso sem perrengue.
Eu me informei sobre as opções de passeios e hospedagem que seriam mais agradáveis, que proporcionassem mais aprendizado e que tivessem contato com a selva.
Queria leva-las para ver a floresta nativa, preservada, mas que não fosse muito longe de Manaus.
O Juma Amazon Lodge atendeu bem o que nós procuramos e vou te contar porquê. Você pode optar pelos pacotes de 1 a 5 noites, todos com programação para conhecer um pouco da floresta. Para fazer a sua reserva, recomendo o Zarpo. Clique aqui!
O pessoal do Lodge resolveu detalhes da logística como o transporte do aeroporto até o hotel que ficamos em Manaus depois que desembarcamos.
No dia em que chegamos ficamos em Manaus, o que eu sugiro para quem viaja com crianças. O voo de São Paulo leva mais de quatro horas e para chegar no hotel de selva mais três. Acho muita coisa para um dia só. Sendo que em Manaus há algumas atrações e bons restaurantes para conhecer.
Bem cedo no dia seguinte uma van do Juma nos pegou do hotel e nos levou até o porto do Ceasa, de onde sai o barco que faz a primeira parte do percurso.
O caminho de Manaus para o Juma é agradável. Começa com aproximadamente uma hora de barco onde o guia vai explicando sobre os rios.
A primeira atração é logo saindo do porto de Manaus. O barco para no encontro das águas e o guia explica as características da água do Rio Negro e do Rio Solimões e assim entendemos porque as águas dos rios não se misturam na hora do encontro. (spoiler: porque a velocidade, temperatura e composição química de cada um deles é diferente).
Foi muito legal ver com elas o encontro das águas. Eu já tinha visto, mas poder sentir a mudança de temperatura e ver a surpresa das meninas com as cores diferentes que não se misturam foi demais. (dica: leve duas garrafas plásticas vazias para coletar um pouco de água de cada rio. A Vitória levou depois para a escola e explicou para os amigos.)
A segunda parada é rápida, chegamos ao porto em Vila Careiro, trocamos o barco pela van que roda cerca de uma hora pela BR319 que liga Manaus a Porto Velho. É nessa estrada onde começa a Transamazônica que no trecho em que rodamos até o Rio Maçarico é de mão dupla e está bem conservada. Logo depois de sair do porto, o guia nos avisa que temos poucos minutos de sinal de celular e ali começa nosso “detox digital” por quatro dias. Sem celular, prestamos mais atenção ao caminho e percebemos as fazendas se misturando com a selva.
A van chega até um bar na beira do Rio Maçarico onde esperamos os funcionários do Juma carregarem as malas da van para o novo barco rápido.
Logo que o barco começou a navegar, tivemos nosso primeiro contato com a floresta. As margens do rio têm uma vegetação fechada, algumas aves apareceram e a ansiedade e apreensão das meninas foram se transformando em curiosidade. Os olhos começaram a brilhar diante do verde hipnótico da floresta.
O clima ficou ainda mais interessante quando começou uma chuva forte típica da floresta tropical do jeito que aprendemos na escola. Cenário perfeito para o início da viagem.
O guia se esforçou para responder algumas das perguntas das meninas em meio a explicações em inglês e português sobre a região que navegávamos.
Outras inúmeras perguntas foram respondidas por mim e pela mãe das Laranjinhas. Sinal que elas estavam super interessadas.
Com a floresta nas margens, as explicações do guia, algumas comunidades ribeirinhas, aves e até a chuva, acabamos nem percebendo o tempo passar e logo chegamos ao Juma.
A chegada ao hotel de selva é diferente de chegar em qualquer outro hotel. O barco encosta em um píer de madeira em frente a uma enorme escada que leva até a recepção que fica lá no alto como grande parte do hotel. Na época da cheia, você é poupado da escadaria, já que o barco vai parar lá em cima com o rio.
Não espere muito luxo logo de cara. A recepção é um grande salão circular rústico de madeira cercado de tela verde em todas as janelas e um balcão que é a recepção e o bar. É ali também o ponto de encontro antes e depois dos passeios e para quem quer tomar alguma coisa depois do jantar. Na recepção, os hóspedes têm à disposição baralho e jogos de tabuleiro como gamão e xadrez. As meninas aproveitaram papel e canetinhas para desenhar e pintar.
O hotel não tem TV, internet, nem sinal de celular, fazendo com que os hóspedes realmente se desliguem da tecnologia, curtam a natureza e os encantos da floresta.
Depois de suco de taperebá, café com bolo e do check-in, fomos conhecer nosso bangalô. Ficamos a 50 metros da recepção de frente para o rio. A vista do bangalô é inesquecível. O rio em frente, emoldurado pela copa das árvores e pelo céu azul.
O bangalô é construído como a maioria das casas dos ribeirinhos: em palafitas e, no caso do Juma, a trinta metros do chão já que a água nas cheias sobe até 19 metros.
Com a vista linda nem fechamos a cortina e sempre que dava tempo ficávamos na rede da varanda apreciando o rio e a floresta. (outra dica: sempre sacuda a rede antes de sentar. Em um dos dias havia um morceguinho descansando em nossa rede. No outro dia, a macaca Anita estava por lá).
O bangalô é espaçoso com uma cama de casal e duas de solteiro. Não tivemos problema de ficar os quatro no mesmo bangalô. O banheiro me surpreendeu, com o box e água quente. Nem parecia estarmos na floresta.
A decoração, como não poderia ser diferente, é rústica baseada nas artes dos índios.
A temperatura dentro do bangalô ficou agradável o tempo todo, mesmo estando no alto eles ficam na sombra já que as copas das árvores são ainda mais altas. Os ventiladores de teto e a grande janela com tela também ajudam.
Logo que chegamos, a camareira perguntou se queríamos uma mosquiteiro nas camas. O esquema é interesse, com a tela presa no teto e cobrindo a cama por inteiro. As meninas adoraram.
Importante saber: o Rio Negro tem um PH ácido e, portanto, não há muitos mosquitos em suas margens. Nem precisamos passar repelentes (a não ser o repelente natural da floresta – assista a Vitória no vídeo para descobrir qual é!) Na hora de escolher o hotel e seus passeios com as crianças na Amazônia lembre desse detalhe e sempre dê preferência aos que ficam no Rio Negro.
Hotel de selva – Restaurantes e refeições
Todas as refeições acontecem no mesmo restaurante e com um sistema diferente do que vemos em outros hotéis. As mesas são reservadas para os pequenos grupos de cada guia. O nosso grupo tinha 11 pessoas contando as crianças.
Os horários das refeições são rígidos e divulgados antes. Sempre duram pouco mais de uma hora. Isso faz com que todo mundo se encontre no mesmo período. A comida fica à disposição no buffet. No café da manhã há muitas frutas, as que comemos normalmente e as típicas da floresta. Além disso, queijo, presunto, ovos mexidos, salsicha e tapioca feita na hora.
No almoço e jantar o ponto alto são os peixes da região, principalmente o pirarucu e a costela de tambaqui. A costela do tambaqui com feijão bem temperado foi meu prato preferido durante a estadia. Já as meninas variaram nas refeições, comeram bastante peixe, macarrão e frango.
Essas refeições estão todas incluídas nas diárias do hotel. Apenas as bebidas alcóolicas são cobradas à parte.
Mas o que fazer com as crianças na selva no hotel todo suspenso no alto entre as árvores? Como eu comentei as refeições são todas no mesmo horário e o café da manhã das 7 as 8 da manhã. E é cedo assim para que logo depois cada guia leve seu grupo para um passeio.
Hotel de Selva – Os Passeios do Juma
Canoa
Ficamos 3 noites do Juma e no próprio site você já conhece a programação de cada tipo de pacote. São diversos passeios e o nosso primeiro foi sair de canoa pelo rio. Para as meninas foi uma verdadeira aventura que começou com o primeiro balanço da canoa logo que entramos. Um momento especial foi chegar devagar à margem do rio bem perto da vegetação fechada. Estar na canoa foi poder estar com as mãos livres no rio que é um afluente do rio Negro. As meninas aproveitaram para colocar a mão na água e matar a curiosidade.
Hotel de Selva – Nascer do sol
Há um outro passeio que é para ver o nascer do sol de dentro do rio. Conversando com os guias, eu acabei preferindo fotografar e filmar o nascer do sol do deck do hotel e não saí com o barco. Como o deck fica no alto, achei o ângulo melhor do que de dentro do rio e consegui ver o sol nascer de trás das árvores fazendo o céu mudar de cor diversas vezes.
O nascer do sol em frente ao rio cheio de vida surpreende a cada minuto. Botos pulam atrás dos peixes, um enorme jacaré atravessa de uma margem até outra do rio calmamente e pássaros fazem desenhos voando no céu colorido. Vale a pena madrugar para acompanhar esse espetáculo.
Caminhadas na selva
O passeio mais esperado por todos foi uma caminhada na selva. Como já sabíamos desse passeio nos preparamos bem para andar na floresta. Todos de boné, camiseta de manga comprida, calça, tênis e muita vontade de conhecer os segredos da floresta.
O barqueiro escolhe um lugar onde conseguimos desembarcar e começamos a aventura de seguir o guia e o grupo de 10 turistas/hóspedes, todos gringos. Entre os gringos do grupo mais duas crianças inglesas de uns 7 anos. A Giovana era a mais nova e foi valente. Enfrentou os troncos caídos que chegavam a cintura dela sem perder nenhum detalhe da explicação do guia e sem deixar de fazer sequer uma pergunta.
Na caminhada aprendemos muito e percebemos a riqueza da floresta. Inúmeros remédios, perfumes e cosméticos tem como base árvores, plantas, folhas e raízes da floresta. Vejam no filme!
Não vimos muitos animais na caminhada já que fomos de dia, o grupo acaba fazendo muito barulho e não era época de cheia. Então a observação dos animais não foi tão fácil. O melhor jeito de ver os animais é de dentro do rio prestando atenção na margem com o motor do barco desligado.
Além de mostrar do que é feito cada produto que usa matéria prima da floresta, o guia nos contou alguns detalhes de como os índios usam esses recursos da natureza para ajudar na caça. Um exemplo incrível disso é que eles esfregam uma determinada formiga no corpo para servir de repelente e disfarçar o cheiro do corpo. Outro exemplo interessante é saber encontrar uma larva dentro de um coquinho antes dela se transformar em vagalume, o que pode ajudar a matar a fome na floresta. (Esta parte no filme está imperdível. A Vitória foi incrível!)
A caminhada foi uma verdadeira imersão na floresta. Fizemos 2 caminhadas sendo que a segunda delas foi mais longa e terminou em um espaço dentro da área do próprio Juma onde há um quiosque usado em cursos de sobrevivência na selva. Nessa segunda caminhada ao chegarmos ao quiosque, a equipe do hotel tinha preparado um churrasco de tambaqui. Eles montam esse almoço às margens do rio onde fica o quiosque. Foi muito especial, depois de caminharmos por 4 quilômetros na floresta, sermos recebidos com o almoço pronto, água e cerveja gelada dentro da floresta.
Hotel de Selva – Pesca de Piranha
Outro passeio que fizemos foi sair para pescar piranhas. O barqueiro e o guia escolhem um lugar onde sabem que tem piranhas, ancoram o barco, distribuem as varas, as iscas e a diversão começa. É colocar a isca, que é carne crua, que as piranhas atacam e todo mundo começa a pegar. Vira uma bagunça a disputa de quem pega mais, quem pesca a maior. Além de pescar, eu me diverti fotografando os botos que apareceram naquela parte do rio. Tanto o boto menor, que é cinza, quanto o maior o famoso boto cor de rosa. As meninas adoraram pescar, conhecer 3 raças diferentes de piranhas e devolve-las ao rio. Cada peixe tirado da água foi uma festa. Teve placar e tudo.
Passeio do hotel de Selva – Visita à casa do Caboclo
Visitar a casa de uma família ribeirinha estava entre os passeios que eu queria fazer com as meninas. Minha ideia foi mostrar a diferença entre quem mora à beira de um rio na Amazônia e comparar com a nossa vida no concreto de um edifício em São Paulo.
Chegamos de barco à casa da Ruth e brincando com o Cacá, filho dela, e com minhas filhas fui mostrando as diferenças. Pedimos licença e entramos para conhecer a casa bem simples. Dentro de casa, a ausência de camas e de banheiro chamou a atenção.
A Gi adorou a ideia de dormir em rede e, claro, respondi muitas perguntas. Do lado de fora da casa a linda vista do rio, o ar puro, a horta, os porcos, galinhas e patos soltos completavam o cenário. O guia também nos explicou como os caboclos aproveitam tudo o que é possível fazer com os diferentes tipos de mandiocas.
Hotel de Selva – Focagem do Jacaré
O único passeio que acontece depois do jantar é a focagem do jacaré. Logo depois de sair com o barco do Juma, deu para perceber que a atividade no rio e na selva é muito mais intensa a noite. Não demorou muito para o barco encostar em uma pequena ilha. Todo mundo ficou em silêncio enquanto o guia saiu do barco com um potente farolete que focou o olho do jacaré e fez ele ficar paralisado.
O guia pegou o jacaré com pouco mais de um metro e voltou com ele para o barco. Com o jacaré na mão, ele nos explicou a diferença das raças, os hábitos, o papel do jacaré no equilíbrio do número de piranhas nos rios e outros detalhes interessantes. Antes de devolver o animal ao rio todo mundo fez uma foto com ele.
Na volta ao hotel de selva, sem nenhuma luz, contemplar o céu da Amazônia com o barulho da mata foi inesquecível. Uma estrela cadente fechou a noite com chave de ouro (e cinquenta pedidos da Giovana).
Os dias foram intensos e na última tarde, depois de um dos passeios na selva, tiramos um final de tarde para relaxar na charmosa piscina de rio do Juma. A piscina é um deck flutuante no próprio rio, toda cercada para os bichos maiores não entrarem. As meninas adoraram mergulhar na água do rio que estava em uma temperatura super agradável.
Assim acabou nossa aventura na selva já que logo cedo no dia seguinte partimos de barco para Manaus. Não deixe de ver nossas dicas de Manaus, logo mais aqui no blog!
Nossa família se hospedou a convite do Juma.
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Veja todas as nossas dicas de onde comer em Manaus, onde ficar em Manaus, nossa visita aos índios, o Museu do Seringal e do Juma o hotel de selva que ficamos na Amazônia.